Quinta-feira, 24 de Abril de 2008

Um dia... (3)

 

 

- Boa tarde meu amor. Como te correu o dia?

- Como de costume e o teu?

- Normalmente, mas estou um pouco mal disposta, não sei o que se passa.

- Comeste durante o dia?

- Ah! É isso esqueci-me de almoçar.

E com os nervos em franja ela falava sem parar, de repente, começa a passar mal e desmaia.

O marido aflito, pega nela e leva-a para o quarto e deita-a na cama...

- Queres ir ao hospital?

- Não é preciso, vou descansar um pouco e já fico boa.

Ela ficou deitada em repouso e o marido, todo carinhos e atenções, tomou conta da casa e dos filhos por ela.

A noite foi passando, adormecer era dificil...

Ao fechar os olhos, só conseguia ver-se nos braços do amante.

A noite foi longa, os sonhos sucediam-se, as lembranças daquele dia de pecado não a deixavam dormir em paz...

Raiou o dia, o marido foi trabalhar, as crianças foram para a escola...

E ela, cheia de sede de paixão não conseguia pensar noutra coisa senão no amante. Tinha de estar com ele naquele dia ainda.

Pega no telemovel e liga-lhe:

- Tou? Meu amor? Vou ter contigo. Não consigo esperar mais.

- Não! Não venhas.

- Porquê? Ainda ontem me dizias que me querias ter de novo nos braços!?!? Que se passa?

- Isto não está certo. Eu ontem não devia ter ido aí. Tinha bebido demais e não sabia o que fazia.

- Isso são desculpas. Agora não volto atras. Pego no carro e não tardo aí.

- Não venhas. Eu não te abro a porta.

Descontrolada, com a líbido em alvoroço, com o coração aos pulos, e a razão fora de si. Pega no carro e lá vai...

O medo de ser apanhada desaparecera, a paixão que sentia e o desejo de se sentir amada e acarinhada, fazia-a perder a noção da realidade.

Ia por em risco a sua família por uma aventura.

Ao chegar lá, as portas estão fechadas. Pega no telemovel e liga-lhe:

- Estou aqui! Já cheguei!

- Tu não foste capaz?!? Não fizeste isso?!?

- Vem à janela e verás se tive ou não coragem.

Ao aproximar-se da janela, ele vê, sem querer acreditar nos seus olhos.

Ela tinha ido, tinha perdido o juizo e tinha ido até à casa dele.

- Eu disse que tu não viesses!

- Porquê? Ontem tu foste me tirar do sério, deixar-me num estado de nervos em que nunca tinha estado. E hoje não querias que viesse???

- Isto não está certo!

- Tivesses pensado nisso ontem, antes de lá ires. Agora é tarde. Já cá estou. 

A cena era hilariante.

Na véspera ele rira, porque ela estava a tremer, naquele dia era ele que tremia.

Ele sentou-se no sofá todo encolhido, parecia um animalzinho assustado.

Ela, eufórica, provocava-o...

- Estou com calor. Tens alguma roupa que me emprestes? Quero despir esta, está muito quente.

- Que queres vestir?

- Pode ser uma T-shirt tua.

E lá foi ele aos tropeções, ainda sem querer acreditar na loucura que ela tinha cometido, buscar a roupa para ela vestir...

Ao chegar à sala... Encontra-a semi-nua deitada no sofá.

- Pára!!! Porque me fazes isto?

- O que é que eu estou a fazer? Estou só a descansar.

.

(continua)

Música: Bed of Roses - Guns and Roses
Sinto-me: Preversa

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