O momento de cumplicidade e ternura parecia eterno, mas tinha de acabar.
Os miúdos estavam a chegar da escola...
- Tens de te ir embora.
- Eu sei. Mas não consigo. Agora não te quero deixar.
E novamente os corpos se entrelaçaram, as bocas num misto de paixão e ternura voltaram a unir-se.
Era impossivel resistir.
- E agora? Quando é que me vais fazer uma visita?
- Eu? À tua casa?
- Sim. Eu corri os riscos todos vindo aqui. Agora é a tua vez. Quero que vás lá também.
- Não sei. Tenho de ver bem como vou fazer. Tem de ser bem combinado.
- Pensa e depois diz como e quando queres fazer a visita.
Era um turbilham de emoções. Medo caldeado com desejo, ternura misturada com prazer.
Um último beijo para a despedida...
- Fico à espera do teu telefonema. Já estou com saudades.
- Eu também...
Ele saiu, logo em seguida chegaram as crianças.
Os nervos a ânciedade, não a deixavam cuidar dos filhos em condições. Não conseguia ajudar nos deveres, a cabeça não parava de pensar no que tinha acontecido.
- Como é que isto foi acontecer?
- O quê mãe?
- Nada filho, a mãe está a falar sozinha.
Ela andava de um lado para o outro, o corpo todo a tremer, as mãos suadas. O medo de ser descoberta...
O telemóvel toca:
- Meu amor, já cheguei a casa. Estou a morrer de saudades. Quero estar contigo outra vez.
- Eu também meu amor.
- Não te demores a pensar num dia para vires cá.
- Talvez para a próxima semana. Estou de folga na 5º feira.
- Vou morrer de saudades da tua boca até lá...
- Tem de ser, temos de ter cuidado.
- Eu sei. Desculpa a minha ânciedade, mas estou doido para te ter nos meus braços outra vez.
Um barulho... a porta abre-se...
- Tenho de desligar o meu marido chegou...
E a tremer de medo, com a boca a amargar e as mãos todas suadas, ela vai receber o marido, com o sorriso mais falso deste mundo...
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(contiunua)