Caiu a noite.
Mais uma vez aqui estou sentada em frente ao pc, a deixar as minha ideias escorrerem pelas mãos para o teclado.
A noite está calma, estou no trabalho, já está tudo a dormir, e a mim, resta-me esperar pela manhã.
Olho o ecrã, as estrelas na noite, a lua que se esconde, mas a inspiração não vem...
Nada me surge.
É assim a inspiração, umas vezes surge em catadupa, outras foge de nós como um coelho bravo.
Não faz mal.
Hei-de desejar-vos apenas uma noite tranquila com um soninho reparador.
Até amanhã...
Hoje estou cansada, não me apetece escrever, não quero desfiar rolos de emoções e sentimentos.
Quero apenas o calor do teu colo meu amor.
O carinho das tuas mãos, o calor dos teus beijos.
Hoje estou cansada, não me apetece escrever, não quero desfiar rolos de emõções e sentimentos.
Quero apenas o afago do teu corpo, um pouco da tua atenção.
Hoje estou cansada, não me apetece escrever, não quero desfiar rolos de emoções e sentimentos.
Quero só um momento a sós, um momento de ternura.
Hoje estou cansada, não me apetece escrever, não quero desfiar rolos de emoções e sentimentos.
Quero apenas estar contigo meu amor.
Muitas vezes, escrevo sem querer pensar, num devaneio externo, deixando que palavras me façam festas, criança menina ao colo delas. São frases sem sentido, decorrendo mórbidas, numa fluidez de água sentida, esquecer-se de ribeiro em que as ondas se misturam e indefinem, tornando-se sempre outras, sucedendo a si mesmas. Assim as ideias, as imagens, trémulas de expressão, passam por mim em cortejos sonoros de sedas esbatidas, onde um luar de ideia bruxuleia, malhado e confuso.
Não choro, por nada que a vida traga ou leve. Há porém páginas de prosa que me têm feito chorar. Lembro-me, como do que estou vento, da noite em que, aínda criança, li (...) E fui lendo, até ao fim, trémulo, confuso; depois rompi em lágrimas felizes, como nenhuma felicidade real me fará chorar, como nenhuma tristeza da vida me fará imitar. (...) É a saudade da emoção daquele momento, a mágoa de não poder já ler pela primeira vez aquela grande certeza sinfónica.(...)
Bernardo Soares