Sábado, 23 de Agosto de 2008

História Romanceada...

Já cheguei a escrever aqui neste cantinho que é uma janela de mim, histórias da minha vida.

Mas a nossa vida vista pelos olhos dos outros fica diferente, mais verdadeira, sem subterfúgios, sem floreios...

Por isso aqui há uns dias pedi a um amigo muito querido, o Romanesco, que tem um projecto novo - BIOCRÒNICAS, para me fazer uma biografia, como só ele sabe fazer.

O resultado foi maravilhoso, o cuidado com que ele escreve, a forma como soube me retratar sem me ferir, deixou-me de lágrimas nos olhos.

Façam-lhe uma visita, (http://romanesco.blogs.sapo.pt), vão ver que vão gostar, tal como eu gostei.

Até poder ser que resolvam fazer a vossa própria biografia.

                   

 

Sou a Carla Patrícia Rebelo Tavares Oliveira. Nasci numa bela Ilha de origem vulcânica, rodeada de mar e que foi chamada de Terceira por ser essa a sequência da descoberta . Habitava em Angra do Heroísmo, mais própriamente na freguesia de São Bartolomeu de Regatos.

Cresci no seio de uma família de classe média , onde, num ambiente de alguma autoridade, mas rodeada de muito amor, fui fazendo a descoberta de ser mulher e criando a minha própria independência.

O meu pai era condutor de pesados da EDA,  a minha mãe doméstica e eu , como todas as miúdas da minha idade, fui tendo namoricos de escola, brincadeiras acessíveis, sonhos de
criança que cresce.

O meu primeiro namorico, aconteceu por volta dos meus 10 anos e foram devaneios, sonhos de me fazer esquecer alguns dos deveres.

Inquietava-me que o meu pai não me deixasse ir a uma discoteca, a um cinema com as minhas amigas, se todas iam.

Eu era uma rapariga extrovertida e tinha o sonho de ser uma mulher viajada, transpor os limites da Ilha que eu amo, mas que me limitava, e gostava muito de escrever histórias
imaginárias.

Com o passar dos anos, o namorico quase infantil foi crescendo, já sentia o fogo dentro do meu peito quando ele me beijava nos lábios, me acariciava os seios. Eu tinha 15 anos e ele era um pouco mais velho, mas sentia-o mais sabido, mais experiente, pelas palavras que me dizia e me caíam bem. Pelas caricias em pontos sensíveis de mim.

Insistia que queria ter sexo comigo e fui resistindo, embora o desejo ardesse nas minhas entranhas,cada vez mais forte, mais indomável.

Um dia, lembro-me, era Primavera, o Sol na linha do horizonte, e eu numa reunião de escuteiros, recebi um recado dele, para que nos encontrássemos, numa ruela escura e só, perto da casa dele.

Era o dia, pensei. Hoje vou tomar o gosto desse prazer imenso que algumas colegas se gabam de ter sentido. E fui. Acabada a reunião, já a noite se fazia anunciar, dirigi-me ao local por ele indicado e o que havia para servir de cama, era um velho automóvel abandonado, sem portas, sem rodas, repleto de pó e lixo.

Uma desolação, visto a esta distância. 

Eu teria preferido um lugar que eu sei, muito mais romântico. Mas na altura, parecia um paraíso, um local ermo só para nós.

Ele esperava por mim, encostado a uma parede, um sorriso malandro nos lábios. Eu ansiosa, ainda incrédula. Na dúvida, mas sabendo que o queria fazer.

Ele abraça-me e atira-me para dentro do carro, tira-me as cuecas com sofreguidão e diz-me que abra as pernas e
penetra-me, sem mais. Eu tremia, doía-me, senti a ejaculação dele, um pequeno foco de prazer. Um espaço curto de tempo, sem tempero, sem antes nem depois.

Foi uma sensação estranha, confusa, mas tinha dado mais um passo na minha formação, deixara de ser virgem.
Experimentava uma leveza da alma. Por um momento senti a felicidade de ser mulher.

Saí dali a correr, o corpo tremendo, excitada pelo que acabara de fazer. A minha primeira vez. Mas eu amava-o e pensava que ele me amava, havíamos de ser felizes. Foi uma noite em que mal consegui dormir. Pela minha mente adolescente passavam todos os pormenores dos momentos vividos, à procura de um êxtase que não houve.

No outro dia, após um reconfortante banho, senti-me outra, mais mulher e foi com um sorriso nos lábios que o vi, o meu namorado, o meu primeiro homem. Eu ia para o liceu onde frequentava o 8º ano.
Ao vê-lo, abri um sorriso enorme e perguntei-lhe se tinha dormido bem.

_Não ligo a merda quando estou distraído!...

Ouvi e não queria acreditar. O ar de desprezo dele, o desdém com que me olhou fez-me sentir desprezada, humilhada. Se houvesse um buraco tinha-me enfiado nele.

Ainda na noite anterior me tinha entregado a ele, com amor, e aquelas palavras doíam em todo o meu ser, as vísceras dilaceradas, a cabeça parecia querer rebentar, sai daquele lugar a correr, sem querer saber da escola, num choro convulsivo de dor e raiva, a lembrar as palavras do irmão dele, ontem, para que não fosse ao encontro, que ele não era boa rês. Sentia-me sufocar. Sentia-me enganada, usada, perdida de mim, dos meus sonhos.

O ano escolar foi-se, porque aquele imagem de desprezo perseguia-me e não havia ninguém que me pudesse ajudar. Não podia contar ao meu pai, à minha mãe. Tentei procurar refúgio nas drogas, comecei a fumar. Beber. Faltava ás aulas e quando estava era como se não estivesse.

Salvei-me do caminho das drogas, graças ao meu amigo Juca. Não o esquecerei. Pedi-lhe um charro e ele deu-me uma grande bofetada. E disse-me palavras que no meio da minha tormenta me encontraram e dissuadiram.

Mas eu estava irreconhecível, perdi a vontade de viver e
tentei, por diversas vezes, o suicídio. Talvez não quisesse me suicidar, mas apenas chamar a atenção para um problema que se instalou no meu ser e que era como se eu própria me rejeitasse de mim.

Tentei jogar-me do alto de uma falésia. Acabar de vez com a sem solução em que me achava.
Deus, contudo, esteve sempre perto de mim, sem que eu desse por ele, e enviou-me anjos que me seguraram nos momentos mais cruciais. A minha querida amiga Alice Machado, que esteve sempre a meu lado, me reconfortava, mas sem conseguir tirar-me aquele imagem que eu fazia de mim e do meu acto de amor que se tornou como um crime cometido de mim para mim. O João Barcelos, outro amigo, muito respeitador de mim, que tinha uma afeição tímida
mas próxima, aconchegante, que me impediu a queda da falésia. E que se viria a tornar num grande amor...

                     

 

É o que me proponho. Escrever sobre vidas anónimas que valem as luzes da ribalta ou a
fixação histórica e que traduzem a essência de um povo. Primeiro de uma família. Primeiro
ainda, ou antes de tudo, a essência de um homem, de uma mulher.

É uma prenda original e única a propósito do Natal que aí vem, ou de um aniversário, para
uma pessoa muito querida.

Escreverei por encomenda, preços de acordo com extensão e pesquisa de documentação. Mas
com a paixão que o percurso proposto me suscitar.

Aguardo a vossa proposta. As vossas encomendas.



J.R.G.

 

 

Sinto-me: Emocionada
Música: Love Story - Beethoven
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