Um dia...
Uma manhã...
Um telefonema...
E tudo muda na vida de uma pessoa.
A confusão estava instalada havia já algum tempo.
Os olhares trocados e as palavras de cumplicidade,
amontoavam-se dia após dia.
Os encontros furtuitos para cafés e desabafos.
Os almoços em casa dos amigos.
Os risinhos e cumprimentos despropositados, que ninguém queria ver...
As coisas intensificavam-se há algum tempo.
Certo dia...
Uma chamada no telemovel.
- Preciso falar contigo. Não aguento mais esta situação.
- Falar de quê?
A pergunta inocentemente falsa, mostrava medo e insegurança.
- Tu sabes muito bem de quê. Vou a caminho da tua casa.
- Não!!! Se alguém te vê?!
- Não quero saber, não aguento mais.
E a espera tornou-se angustiante, os minutos passavam.
O vigiar da entrada da casa era constante.
Chegou.
O abrir da porta devagar para não fazer barulho...
- Tu és doid...
Nem deu tempo de acabar a frase.
Cheio de paixão, tesão, e muita emoção, ele encosta-a à parede, e com o corpo a ferver beija-a até a deixar sem respiração.
As pernas tremem-lhe, os braços perdem as forças.
- Porque me fazes isso?
- Eu faço? E tu? O que é que me tens feito nestes últimos dias?
- Desculpa. Já nem sei o que faço.
- Anda vamos conversar.
E lá foram de mãos dadas até a um canto sossegado.
- Diz-me, tu também querias, não querias? Percebi isso naquele dia.
- Eu queria. Não, não queria. Já nem sei. Tenho medo.
- Não tenhas. Vem cá. Encosta-te a mim.
E ali ficaram como um só, abraçados...
.
(continua)